Fazenda Carnaúba: o solo sagrado do sertão e as cabras de Ariano Suassuna

Conheça uma das principais produtoras de queijo de cabra do Brasil

Fazenda Carnaúba: o solo sagrado do sertão e as cabras de Ariano Suassuna

Conhecer a Fazenda Carnaúba, localizada em Taperoa no sertão da Paraíba, e sua história nos faz entender que é possível domar a seca. Que o sertão não é castigo ou sina. E que se souber trabalhar e respeitar a terra, é possível viver dela.

A fazenda, produtora de queijo de vaca e cabra (sendo essa sua especialidade), iniciou sua trajetória na criação de cabras e ovelhas, nos anos 70. A época Ariano Suassuna, que vivia na Carnaúba ao lado de seu primo-irmão Manuelito, decidiu investir um prêmio recebido pelo romance “A Pedra do Reino” na compra de 200 cabras.

O escritor e seu primo foram chamados de loucos por tentarem criar os bichos no sertão, mas essa foi a solução encontrada pela dupla para enfrentar a dura seca dos anos 70 no semiárido da região.

Hoje a Carnaúba é considerada uma das principais produtoras de queijo caprino artesanal do Brasil. São tantos prêmios recebidos que uma das paredes da queijeira é coberta por diplomas em forma de quadros.

Na Fazenda, com suas janelas azuis de molduras amarelas debruçadas para os quintais, carrega a alegria de quem ama o que faz. Inês e Joaquim, dois dos cinco herdeiros de Manuelito, falam do trabalho com uma empolgação contagiante. “Sente aqui o cheiro da alfazema”, diz Joaquim. “Isso tudo interfere no resultado do queijo”, explica, dizendo que os animais se alimentam com palmas (uma espécie de cacto típico da região), capim e mais de dez diferentes espécies de forrageiras, o que faz com que o leite tenha características próprias e únicas.

Definitivamente, é uma família que tem raízes profundas naquele pedaço de terra. Conhece bem as agruras da seca e encontrou meios de conviver com a estiagem.

Gente boa, alegre e esperançosa que recebe com uma mesa, comprida e farta. Servindo a comida sertaneja de fazenda. Bode, galinha, feijão, arroz, legumes e um purê preparado com o queijo Serra do Pico, produzido ali com leite de vaca.

É, Ariano mais uma vez estava certo. Ele batizou o laticínio de Grupiara, que significa “veio de diamante”. E o queijo por ali é joia.