Você conhece o Chocolate da ilha de Combú?

Na região onde o açaí tem grande destaque, o cacau também tem seu espaço.

Você conhece o Chocolate da ilha de Combú?

Na pacata Ilha do Combu, localizada na margem oposta do Rio Guamá, que banha a capital Belém, a principal atividade extrativista é o açaí.

Entretanto, a agricultora Izete dos Santos Costa, mais conhecida como “dona Nena”, optou pelo beneficiamento de outro produto nativo da ilha: o cacau. “Em 2006, fui atrás de uma antiga receita de família”, conta dona Nena. “Lembro que antigamente meus pais socavam sementes de cacau com açúcar em um pilão de madeira”. Como o quintal dela é repleto de cacaueiros, a agricultora quis estudar a melhor maneira de beneficiar as sementes para incrementar a renda. Mas, até alcançar a qualidade
do produto que hoje comercializa, houve vários percalços. “Queimei dois liquidificadores, tentando moer as sementes. Até que passei a usar um moedor manual de carne, e deu certo”, conta, sorrindo.

Dona Nena explica o passo a passo do beneficiamento do cacau: “durante a safra, quebramos o cacau e separamos as sementes. Elas são, então, colocadas em caixas de madeira por três a quatro dias, para fermentar. Em seguida, são espalhadas em uma esteira e colocadas ao sol, para secar. Depois dessa etapa, posso guardá-las para utilizar ao longo do ano, conforme vou precisando”, revela. O processo segue com a torra das sementes em um forno caseiro e, em seguida, o descascamento da pele.

Por fim, dona Nena separa a produção para dois usos distintos: o nibs, que consiste na semente simplesmente triturada, e a pasta de cacau, que é obtida após passagem pelo moedor. “Dessa moagem, obtenho uma pasta de cacau que é embalada em folha de cacaueiro. No dia seguinte, a barra de cacau 100% – pois não leva açúcar, leite ou gordura – pode ser ralada e usada em receitas. Dona Nena, por exemplo, gosta de usá-la para fazer brigadeiros. “A receita é a tradicional mesmo, mas troco o achocolatado pelo meu cacau e o granulado pelos nibs”, explica.