O pequi: de Goiás para o Brasil

Um dos principais ingredientes da culinária goiana e deve ser cozido antes de ser saboreado.

O pequi: de Goiás para o Brasil

Nativo do cerrado brasileiro, o pequi é fruto oleaginoso, de polpa amarela e aroma marcante, cuja ocorrência é geralmente no período chuvoso, entre dezembro e março. É um dos principais ingredientes da culinária goiana e deve ser cozido antes de ser saboreado. Pode ser encontrado em receitas tradicionais, como a galinhada – feita com arroz, galinha caipira e açafrão-da-terra –, ou em preparos, como licor ou sorvete.

Nos restaurantes de Goiânia, pessoas de outros estados estranham ver como se come o pequi: segurando-o com as mãos e raspando-o com os dentes. Isso se deve ao fato de haver, embaixo da fina polpa, uma camada de espinhos. “O pequi deve ser roído, jamais mordido”, explica o comerciante Osmar Aires de Oliveira, o “Mazinho”. Proprietário da loja Cerrado Brasil, localizado no Ceasa da capital, Mazinho conta que o fruto deve ser raspado, cuidadosamente, com os dentes até que a polpa amarela comece a se esbranquiçar e, consequentemente, se aproximar dos espinhos. “Muitos desavisados mordem o pequi e acabam com os espinhos fincados na língua ou no céu da boca. Dizem que a dor é grande”. Mazinho revela que, para removê-los, somente com pinça e muita paciência. Entretanto, apesar das dificuldades enfrentadas pelos comensais novatos, o comerciante garante que vale a pena provar o fruto. “Não tem nada melhor que arroz com galinha e pequi”, declara.

Com relação à melhor época para consumo, Mazinho diz que goiano come pequi o ano inteiro. “Não existe esse negócio de só comer no início do ano. Basta congelar os frutos ou transformá-los em conserva”, diz. Na loja Cerrado Brasil, por exemplo, os produtos derivados do pequi incluem o óleo, o licor, o creme e a polpa. “Dessa maneira, dá para comer todo dia e o ano inteiro”.

No Restaurante Popular, que funciona no centro de Goiânia, desde os anos 1970, a cozinheira dona Lourdes é especialista no preparo de galinhada, um dos pratos-símbolos de Goiás. “Não tem segredo, não”, diz. “É só refogar bastante algumas cebolas, até quase ficarem marrons, juntar frango cozido, pequis cozidos, arroz. Mas tudo tem que ser feito na hora, jamais com
antecedência”, conclui dona Lourdes.